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A obesidade sob nova ótica na medicina canadense

Os médicos canadenses estão adotando novas normas para o diagnóstico e tratamento da obesidade. A ideia é focar mais na saúde do paciente, e não no peso. As novas diretrizes aconselham os profissionais de saúde a ir além da recomendação de dieta e exercícios aos pacientes e utilizar uma abordagem holística. Isso significa investigar as causas do ganho de peso, consultar os pacientes sobre os objetivos que consideram importantes e, a partir daí, elaborar com eles um plano personalizado, realista e sustentável.

Um dos mais de sessenta profissionais de saúde que assinam o texto das novas diretrizes, o médico David Lau, professor da Calgary University, afirmou que para o desenvolvimento de planos personalizados é essencial entender “o contexto e a cultura” do paciente e integrar as causas de origem da obesidade. Essas causas incluiriam “biologia, genética, determinantes sociais de saúde, traumas e problemas de saúde mental”.

Outro dos autores, o médico Sean Wharton, da McMaster University, disse que o tratamento da obesidade depende de “mostrar compaixão e empatia” e de intervenções fundamentadas em evidências e focadas nos objetivos do paciente.

O índice de obesidade triplicou no Canadá nas últimas três décadas. Atualmente, um em cada quatro canadenses é obeso, segundo a Statistics Canada. As normas não eram atualizadas desde 2006. O novo texto foi aprovado pela Obesity Canada, pela Associação Canadense de Médicos e Cirurgiões Bariátricos e pelos Institutos Canadenses de Pesquisas de Saúde, e teve um resumo publicado recentemente na Canadian Medical Association Journal.

 

“MELHOR PESO” PODE NÃO SER “PESO IDEAL”

Embora ainda recomendem o uso de critérios de diagnóstico como índice de massa corporal e circunferência de cintura, as novas normas apontam para as limitações clínicas desses métodos. Observam que pequenas reduções de peso podem levar a melhoras de saúde e que o “melhor peso” para um obeso pode não ser o “peso ideal” indicado pelo índice de massa corporal. Além disso, consideram a obesidade um distúrbio complexo e crônico que exige um acompanhamento durante toda a vida.

“A narrativa cultural dominante para a obesidade fomenta suposições sobre irresponsabilidade pessoal e falta de força de vontade e jogam a culpa sobre as pessoas que vivem com obesidade”, diz o texto.

Estudos têm indicado que a maioria das pessoas que perdem peso fazendo dieta o recuperam. “Dietas não funcionam”, disse à BBC a diretora de pesquisa e política da Obesity Canada, Ximena Ramoas-Salas. Segundo ela, pesquisas mostram também que muitos médicos discriminam pacientes obesos e que isso pode levar a piores resultados em tratamentos.

“Preconceito contra o peso não é só acreditar na coisa errada sobre obesidade. Tem um efeito sobre o comportamento dos profissionais de saúde”, afirmou Ximena. Ela observou que há muito tempo a vergonha e a culpa acompanham o distúrbio.  “Pessoas que vivem com obesidade precisam de apoio assim como pessoas que vivem com qualquer outra doença crônica”, disse.

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