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A felicidade ao alcance dos solteiros

Não é de hoje que o número de solteiros no mundo só faz crescer, e as chances de eles encontrarem a felicidade também são cada vez maiores, afirma o sociólogo americano Elyakim Kislev. Com base em extensa pesquisa e entrevistas pessoais, ele identificou legiões de solteiros que levam uma vida de qualidade com frequência maior que a de muitos casados. E que não pensam em juntar alianças, apesar de vivermos numa sociedade com estruturas sociais e políticas ainda estabelecidas para favorecer o casamento, como observa.

Kislev é autor do livro Happy Singlehood: The Rising Acceptance and Celebration of Solo Living (Feliz solteirismo: A crescente aceitação e celebração da vida a sós, em tradução livre). Nas páginas de sua obra, ele mostra solteiros que estão muito longe do estereótipo de pessoas infelizes e loucas para encontrar um parceiro. O sociólogo também analisa como os solteiros cultivam redes sociais, criam comunidades inovadoras e, sim, lidam com a discriminação.

Hoje com 38 anos, Kislev contou ao Daily Californian que seu interesse pelo tema veio da constatação de que ele próprio é um solteiro que preza sua liberdade e seu estilo de vida, e que não sabe ao certo se um dia casará. Conversando com pessoas – casadas ou não – ele percebeu que todas sentiam a mesma pressão social para casar. Mais tarde, afirmou, alguns de seus amigos e parentes se divorciaram, expondo um mundo de casamentos infelizes.

 

MAIS MOBILIDADE E PRIVACIDADE

O autor enumera motivos para o crescente número de solteiros no mundo. Em essência, diz ele, “somos mais móveis hoje na busca de oportunidades e mobilidade econômica e não queremos estar amarrados; queremos mais privacidade e tempo para nos desenvolvermos; nós, em especial as mulheres, somos mais independentes e instruídos, e não precisamos que outros nos sustentem; e, por fim, somos menos conformistas e tradicionalistas.”

Para Kislev, a tendência a permanecer solteiro demonstra que o foco sobre o coletivo social está se deslocando para o apoio às aspirações individuais. “Essa mudança influencia o modo como pensamos sobre cada função social e interpessoal em nossas vidas. Em particular, muda o modo como pensamos em família, hoje em dia.”

Ao site Vice, o sociólogo observou que o principal equívoco sobre solteiros com o qual se deparou em seu estudo foi a ideia de que eles são tristes. “Pessoas solteiras podem ser muito felizes sozinhas, e podem ter uma vida cheia e rica”, afirmou. Outro equívoco, disse ele, é achar que os solteiros são mais egoístas. “Na verdade é o oposto”, disse. “Eles são mais sociais e bem conectados, eles tiram sua felicidade e satisfação dos amigos, de suas conexões, de atividades sociais e de trabalho voluntário.”

 

O PRAZER DE ESTAR SOZINHO

No livro Os prazeres da solidão (Rocco), em que narra a experiência de viajar sozinha por quatro cidades (Nova York, Paris, Istambul e Florença), a jornalista americana Stephanie Rosenbloom atesta que mais pessoas estão vivendo sozinhas do que nunca antes. “Estima-se que as moradias de uma pessoa só serão o perfil de crescimento mais rápido globalmente de hoje até 2030″, diz ela. “Mais pessoas estão comendo sozinhas. Mais pessoas estão viajando sozinhas – muito mais.”

Stephanie não aborda exatamente a condição de solteiro, discorrendo mais sobre o prazer de estar sozinho. “A companhia dos outros, embora fundamental, não é a única maneira de encontrar satisfação em nossas vidas”, diz ela, observando que há séculos as pessoas se retiram “para a espiritualidade, criatividade, reflexão, renovação e significado”.

A autora lembra um episódio da vida do biólogo britânico Charles Darwin (1809-1882), conhecido por sua teoria sobre a evolução das espécies. Antes de se comprometer com um noivado, ele traçou em seu diário duas colunas intituladas “Casar” e “Não Casar”. Como motivos para não casar, incluiu “liberdade de ir aonde quiser”, “perda de tempo” e “não poder ler à noite”. O casamento prevaleceu. Ainda assim, Darwin manteve o hábito de se afastar da família diariamente durante horas, para caminhar ao ar livre.

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